Do blog ESPIRITISMO COMENTADO
Hoje se comemora o “Dia dos Mortos” (finados) e nossas televisões irão enviar suas equipes aos cemitérios para cobrir a movimentação incomum de visitação aos túmulos, compra de flores e a emoção dos que irão recordar seus entes queridos.
No passado tratava-se de uma festa pagã, seja a Lemurália, em Roma, na qual se faziam ritos de exorcismo nas casas, seja nas sociedades pré-colombianas, na região do atual México, onde se acreditava que os mortos visitariam seus parentes, então se preparavam as comidas que eles gostavam e se decorava as casas com velas, flores e incenso.
Para o espiritismo, o túmulo que guarda o corpo não é o lugar mais adequado para se encontrar a pessoa que um dia deu vida aos restos que lá se encontram. Uma vez livres das amarras que a prendiam, tendo consciência de si e liberdade interior, ela prossegue seu caminho, dando continuidade à vida que se interrompera com a última encarnação. A morte do corpo, contudo, não lhe apaga as memórias.
As pessoas a quem ela desenvolveu afetos e estabeleceu ligação espiritual continuam sendo caras. Os parentes a quem devotara parte de sua vida continuam presentes em seu pensamento e, se distantes, provocando saudades.
Basta, portanto, lembrarmo-nos dos nossos para lhes enviar uma mensagem de carinho, um sinal de que continuamos unidos por laços mais profundos. Uma prece lhes soa como um abraço apertado, um beijo na face, uma sensação de imensa satisfação.
Allan Kardec, após estudar algumas comunicações de espíritos que lhe descreveram o ambiente espiritual no dia dos mortos, instituiu uma “sessão anual comemorativa dos mortos”, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Alguns de seus colegas da SPEE, que já haviam realizado a grande viagem, comunicavam-se nesse dia, e seus espíritos orientadores davam comunicações instrutivas. A prática continuou após a desencarnação de Allan Kardec, e não sabemos quando se extinguiu.
Nada mais justo que recordar daqueles que nos possibilitaram o conhecimento da doutrina espírita no dia dos aparentemente mortos, em conjunto com os que nos dedicaram sua amizade e amor.
(Um texto mais detalhado sobre o tema foi publicado na Revista Cultura Espírita no. 80, em novembro de 2015, pelo Instituto de Cultura Espírita do Brasil)