quarta-feira, 29 de abril de 2009

RICHARD SIMONETTI FALA SOBRE A MEDIUNIDADE


Obs: Este texto nos foi enviado por e-mail. Infelizmente não sabemos informar a fonte de sua publicação original, mas o reproduzimos aqui por considerar uma mensagem de valiosa orientação espírita.

01 – No Congresso Estadual da USE, realizado em Bauru, em abril de 2000, você ressaltou a importância das reuniões mediúnicas. Todo espírita deve participar?

Simonetti: Entendo que sim. A reunião mediúnica é o aspecto sagrado do Espiritismo. Foi a partir do contatocom os espíritos que Kardec codificou a Doutrina. Não podemos esquecer que um dos motivos que levaram o cristianismo aos seus desvios foi a supressão do intercâmbio com o mundo espiritual, a partir da institucionalização do movimento, atrelado ao carro do poder temporal. Sem a orientação da espiritualidade os teólogos cristãos enveredaram pelos caminhos da fantasia, fixando-a com o dogma, este instrumento terrível de amordaçamento da razão.

02 – A primitiva comunidade cristão cultuava o intercâmbio com o além?

Simonetti: Intensamente, o que levou o apóstolo Paulo a estabelecer normas disciplinadoras, na primeira epístola aos coríntios. Deveriam ser observadas pelos médiuns, chamados então profetas. E tudo deveria ser feito para a edificação, visando um propósito superior.

03 – Além do que seria o cumprimento de um dever, que benefícios podemos colher na reunião mediúnica?

Simonetti: Como o próprio Paulo destaca, somos rodeados por uma nuvem de testemunhas, espíritos presos aos interesses humanos, que muitas vezes nos envolvem e perturbam. A ciclotimia do comportamento humano, que nos leva a alternar estados de alegria e tristeza, entusiasmo e desânimo, euforia e depressão, saúde e enfermidade, relaciona-se com essas influências. Nas reuniões mediúnicas temos a oportunidade de esclarecer e afastar aqueles que nos perturbam. nelas recebemos também recursos de ajuda espiritual que nos fortalecem e revitalizam.

04 – O que mais poderia ser destacado?

Simonetti: Quem participa de reuniões mediúnicas sabe que nelas temos maravilhosa oportunidade de exercitar a caridade, ajudando espíritos em estado de desequilíbrio, inconscientes de sua situação. O contato com o ambiente e as energias dos presentes, particularmente do médium, funciona como poderoso tônico que os ajuda a despertar para as realidades espirituais.

05 – Esse contato funcionaria também como um alerta para todos nós…

Simonetti: Sem dúvida. O contato com espíritos em sofrimento no mundo espiritual, em virtude de viciações e desajustes na vida física, é uma advertência, como se esses nossos irmãos sofredores nos dissessem: “cuidado, meu amigo! Eu sou o que você poderá ser, quando chegar sua hora, se não tomar jeito!”

06 – Essa idéia de que todo espírita deve participar de reuniões mediúnicas não poderá trazer problemas para o Centro Espírita, multiplicando grupos mediúnicos?

Simonetti: Sim, se esse trabalho for feito sem critério e sem disciplina. Obviamente, como está em o livro dos médiuns, há necessidade de uma iniciação, cursos de espiritismo e mediunidade, a fim de que os interessados tenham plena consciência de seus deveres e responsabilidades. Compete ao Centro organizar-se nesse sentido.

07 – Qual seria a duração razoável de um curso dessa natureza?

Simonetti: Dois anos. No primeiro, estudo dos princípios básicos do espiritismo. No segundo, estudo da mediunidade, após o que teria início a prática mediúnica, sem se deixar de lado o estudo, sempre indispensável, na primeira parte da reunião.

08 – E a questão do espaço, no centro espírita, para formação de grupos mediúnicos? 

Simonetti: Há centros pequenos, de poucas salas ou apenas um salão.É preciso disciplinar também a utilização do espaço ocioso no centro espírita, promovendo, na medida da necessidade, estudos e reuniões mediúnicas em todos os dias, se necessário nos três períodos – pela manhã, à tarde e à noite. Há salas que são usadas uma vez apenas, semanalmente, o que significa que em cento e sessenta e oito horas que compõem a semana, há uma ocupação de apenas duas horas, pouco mais de um por cento. É preciso mudar essa situação, usando melhor o espaço de que dispomos na casa espírita.


Mensagens para reflexão - Emmanuel



domingo, 19 de abril de 2009

PENSE NISSO!


Autor: J. Herculano Pires

Não se pode exercer qualquer atividade sem primeiro aprender o que ela é, qual a sua finalidade, quais são as suas regras, quais as dificuldades e inconvenientes que devem ser evitados. Para fazer as coisas mais simples, temos de aprender a fazê-las e adquirir treinamento na prática. Mas, quando se trata de Espiritismo, muita gente pensa que basta assistir algumas sessões para poder fazer tudo e dentro de pouco tempo tornar-se mestre no assunto.

Entretanto, o Espiritismo, como ensinava Kardec, é um campo de atividades difíceis, complicadas, melindrosas, exigindo dos seus praticantes conhecimento seguro de sua natureza e finalidade, de suas possibilidades e dificuldades. Por isso muita gente fracassa na prática espírita, caindo em situações confusas, ensinando aos outros uma porção de coisas erradas, trocando as mãos pelos pés e escorregando sem perceber em obsessões e fascinações. Quantos se afastam da verdade porque mentiram a si mesmos e semearam mentiras ao seu redor!
Evite esse desastre moral e espiritual estudando a doutrina na fonte, com o respeito e a humildade de quem compreende que está lidando com a mais elevada sabedoria já concedida à espécie humana. Espiritismo quer dizer SABEDORIA DOS ESPÍRITOS SUPERIORES. É a Ciência do Espírito, que se desdobra em Filosofia e Religião. Pense bem nisto: se a Ciência dos homens, a Filosofia dos homens e as religiões feitas pelos homens exigem anos de estudo, como se pode querer adquirir a Sabedoria dos Espíritos de uma hora para outra?

Não seja vaidoso e não se faça discípulo dos mestres vaidosos que nada sabem e tudo ensinam. Leia os livros iniciáticos de Kardec. Aprenda passo a passo com o único mestre verdadeiro de Espiritismo que já existiu na Terra, aquele ao qual os Espíritos Superiores confiaram a missão de codificar a doutrina esclarecedora. Estude atenciosamente esses livros, mesmo que você já se considere espírita.

Desenvolva e aprimore o seu bom-senso, evitando a insensatez. Deus, concedeu bom-senso a nós todos, mas nos deixou o trabalho de cultivá-lo. Não se julgue sábio por conta própria. Chega sempre o momento em que teremos de ver que não sabíamos nada e perdemos a grande oportunidade que Deus nos concedeu de encontrar A VERDADE.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O CARATER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA


(4º tema do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em 6 Módulos e 147 temas)

1. Revelar, do latim revelare, cuja raiz é velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por conseguinte, não existe revelação. O caráter essencial da revelação divina é, pois, o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros, ou sujeita à modificação, não pode emanar de Deus.

2. "O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina", assevera Kardec no cap. I de seu livro "A Gênese". Acrescenta ele, à idéia vaga da vida futura, ensinada por Jesus, a revelação acerca da existência do mundo invisível que nos rodeia, define os laços que unem a alma ao corpo, e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte.

3. A primeira revelação da lei de Deus está personificada em Moisés, a segunda no Cristo, a terceira não está personificada em pessoa alguma. As duas primeiras foram individuais; a terceira é coletiva. Eis aí o caráter essencial da revelação espírita.

4. Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma. Ninguém pode, por conseguinte, inculcar-se como seu profeta exclusivo, porque ela foi espalhada simultaneamente por sobre a Terra, a milhões de criaturas, de todas as idades e condições sociais, confirmando a predição de Joel, registrada em Atos dos Apóstolos (cap. 2, vv. 16 a 18): "Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos sonhos".

5. As duas primeiras revelações, sendo fruto do ensino pessoal, ficaram forçosamente localizadas, isto é, apareceram num só ponto, em torno do qual a idéia se propagou pouco a pouco, mas foram precisos muitos séculos para que atingissem as extremidades do mundo, sem mesmo o invadirem inteiramente. A terceira tem isto de particular: não estando personificada em um só indivíduo, surgiu simultaneamente em milhares de pontos diferentes, que se tornaram centros ou focos de irradiação.

6. Vinda numa época de emancipação e madureza intelectual, em que a inteligência, já desenvolvida, não se resigna a representar papel passivo e em que o homem nada aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porquê e o como de cada coisa -- tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame.

7. Os Espíritos não ensinam senão justamente o que é necessário para guiar o homem no caminho da verdade, mas abstêm-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão.

8. Em parte alguma, afirma Kardec, o ensino espírita foi dado integralmente. Ele diz respeito a tão grande número de observações, a assuntos tão diferentes, exigindo conhecimentos e aptidões mediúnicas especiais, que impossível era achar-se reunidos num mesmo ponto todas as condições necessárias. Tendo o ensino que ser coletivo e não individual, os Espíritos dividiram o trabalho, disseminando os assuntos de estudo e observação como, em algumas fábricas, a confecção de cada parte de um mesmo objeto é repartida por diversos operários.

9. A revelação fez-se assim parcialmente em diversos lugares e por uma multidão de intermediários, e é dessa maneira que prossegue ainda, pois que nem tudo foi revelado. Cada centro encontra nos outros centros o complemento do que obtém, e foi o conjunto, a coordenação de todos os ensinos parciais que constituíram a Doutrina Espírita.

10. Nenhuma ciência existe que haja saído prontinha do cérebro de um homem. Todas, sem exceção, são fruto de observações sucessivas, apoiadas em observações anteriores, para chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espíritos procederam com relação ao Espiritismo; daí ser gradativo o ensino que ministram.

11. Um último caráter da revelação espírita, que ressalta mesmo das condições em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, ela tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação.

12. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio de suas próprias descobertas, ela assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado.

13. Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter, pois participa, ao mesmo tempo, da revelação divina e da revelação científica. Numa palavra, é divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho do homem.

14. A revelação cristã havia sucedido à revelação mosaica; a revelação espírita vem completá-la. O Cristo a anunciou, e ele próprio preside a esse novo surto do pensamento humano. Manifestando-se fora e acima das igrejas, seu ensino dirige-se a todas as raças. Por toda parte os Espíritos proclamam os princípios em que ela se apóia, convidando o homem a meditar em Deus e na vida futura.

15. Ela é, pois, a revelação dos tempos preditos. Todos os ensinos do passado, parciais, restritos, limitados na ação que exerciam, são por ela ultrapassados. Ela utiliza os materiais acumulados; reúne-os, solidifica-os, para formar um vasto edifício em que o pensamento, a vontade, possa expandir-se.

16. As Inteligências superiores, em suas relações mediúnicas com os homens, confirmam os ensinos ministrados pelos Espíritos menos adiantados e expõem o seu modo de ver, as suas opiniões sobre todos os grandes problemas da vida e da morte, a evolução dos seres e as leis superiores do Universo. Suas revelações concordam entre si e se unem para constituir uma filosofia admirável.

17. O Espiritismo, pois, não dogmatiza, nem se imobiliza. Sem nenhuma pretensão à infalibilidade, seu ensino é progressivo como os próprios Espíritos o são.

terça-feira, 14 de abril de 2009

CONHECENDO OS ESPÍRITOS


Na questão 267 de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec apresenta os meios pelos quais se pode reconhecer a qualidade dos Espíritos manifestantes em qualquer ambiente. Convém que esses tópicos sejam estudados cuidadosamente pelos médiuns ou pessoas que pretendem se relacionar com o mundo invisível.

1º) Não há outro critério para discernir o valor dos Espíritos senão o bom senso. Qualquer fórmula com esse fim, dada pelos próprios Espíritos, é absurda e não pode provir de Espíritos superiores.

2º) Julgamos os Espíritos pela sua linguagem e as suas ações. As ações dos Espíritos são os sentimentos que eles inspiram e os conselhos que dão.

3º) Os Espíritos bons só podem dizer e fazer o bem; tudo o que é mau não pode provir de um Espírito bom.

4º) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem qualquer mistura de trivialidade. Eles dizem tudo com simplicidade e modéstia, nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares é sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que revele baixeza, auto-suficiência, arrogância, fanfarronice ou mordacidade é sinal característico de inferioridade. E de mistificação, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado.

5º) Não devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e a correção do seu estilo, mas sondar-lhes o íntimo, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção. Toda falta de lógica, de razão e de prudência não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome que o Espírito se dê. (Ver questão nº 224 de O Livro dos Médiuns).

6º) A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto à substância. As idéias são as mesmas, sejam quais forem o tempo e o lugar. Podem ser mais ou menos desenvolvidas segundo as circunstâncias, as dificuldades ou a facilidade de se comunicar, mas não serão contraditórias. Se duas comunicações com o mesmo nome se contradizem, uma das duas é devidamente apócrifa. A verdadeira será aquela em que nada desminta o caráter conhecido do personagem. Entre duas comunicações assinadas, por exemplo, por São Vicente de Paulo, uma pregando a união e a caridade e outra tendendo a semear a discórdia, não há pessoa sensata que possa enganar-se.

7º) Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com segurança, sem se importar com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude, se o Espírito se apresenta como esclarecido.

8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação.

9º) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das expressões. É claro, inteligível a todos, não exigindo esforço para a compreensão. Eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras, porque cada palavra tem o seu justo emprego. Os Espíritos inferiores ou pseudo-sábios escondem sob frases empoladas o vazio das idéias. Sua linguagem é frequentemente pretensiosa, ridícula ou ainda obscura, a pretexto de parecer profunda.

10º) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente. Todo Espírito que se impõe trai a sua condição. São exclusivistas e absolutos nas suas opiniões e pretendem possuir o privilégio da verdade. Exigem a crença cega e nunca apelam para a razão, pois sabem que a razão lhes tiraria a máscara.

11º) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de maneira prudente. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar.

12º) Os Espíritos superiores mantêm-se, em todas as coisas, acima das puerilidades formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as idéias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é sinal certo de inferioridade e mistificação de parte de um Espírito que toma um nome pomposo.

13º) Devemos desconfiar dos nomes bizarros e ridículos usados por certos Espíritos que desejam impor-se à credulidade. Seria extremamente absurdo tomar esses nomes a sério.

14º) Devemos igualmente desconfiar dos Espíritos que se apresentam com muita facilidade usando nomes venerados, e só com muita reserva aceitar o que dizem.
Nesses casos, sobretudo, é que um controle severo se torna indispensável. Porque é frequentemente a máscara que usam para levar-nos a crer em pretensas relações íntimas com Espíritos excelsos. Dessa maneira, eles lisonjeiam a vaidade do médium e se aproveitam dela para o induzirem a atos lamentáveis e ridículos.

15º) Os Espíritos bons são muito escrupulosos no tocante às providências que podem aconselhar. Em todos os casos têm apenas em vista um fim sério e eminentemente útil. Devemos pois encarar como suspeitas todas aquelas que não tenham esse caráter ou sejam condenáveis pela razão, refletindo maduramente antes de adotá-las, pois do contrário nos exporemos a mistificações desagradáveis.

16º) Os Espíritos bons são também reconhecíveis pela sua prudente reserva no tocante às coisas que possam comprometer-nos. Repugna-lhes desvendar o mal. Os Espíritos levianos ou malfazejos gostam de expô-lo. Enquanto os bons procuram abrandar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a discórdia por meio de pérfidas insinuações.

17º) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Toda máxima, todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons.

18º) Os Espíritos bons só dão conselhos perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afaste da linha reta do bom senso ou das leis imutáveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito e portanto pouco digno de confiança.

19º) Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos ainda se revelam por sinais materiais que a ninguém poderão enganar. A ação que exercem sobre o médium é às vezes violenta, provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e convulsiva que contrasta com a calma e a suavidade dos Espíritos bons.

20º) Os Espíritos imperfeitos aproveitam-se frequentemente dos meios de comunicação de que dispõem para dar maus conselhos. Excitam a desconfiança e a animosidade entre os que lhes são antipáticos. Principalmente as pessoas que podem desmascarar a sua impostura são visados pela sua maldade.
As criaturas fracas, impressionáveis, tornam-se alvo do seu esforço para levá-las ao mal. Usam sucessivamente os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até as provas materiais do seu poder oculto para melhor convencê-las, empenhando-se em desviá-las do caminho da verdade.

21º) Os Espíritos dos que tiveram, na Terra, uma preocupação exclusiva, material ou moral, se ainda não conseguiram libertar-se da influência da matéria continuam dominados pelas idéias terrenas. Carregam parte dos preconceitos, das predileções e até mesmo das manias que tiveram aqui. Isso é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.

22º) Os conhecimentos com que certos Espíritos muitas vezes se enfeitam, com uma espécie de ostentação, não são nenhum sinal de superioridade. A verdadeira pedra de toque para se verificar essa superioridade é a pureza inalterável dos sentimentos morais.

23º) Não basta interrogar um Espírito para se conhecer a verdade. Devemos, antes de tudo, saber a quem nos dirigimos. Porque os Espíritos inferiores, pela sua própria ignorância, tratam com leviandade as mais sérias questões.
Também não basta que um Espírito tenha sido na Terra um grande homem para possuir no mundo espírita a soberana ciência. Só a virtude pode, purificando-o, aproximá-lo de Deus e ampliar os seus conhecimentos.

24º) Os gracejos dos Espíritos superiores são muitas vezes sutis e picantes, mas nunca banais.
Entre os Espíritos zombeteiros, mas que não são grosseiros, a sátira mordaz é feita quase sempre muito a propósito.

25º) Estudando-se com atenção o caráter dos Espíritos que se manifestam, sobretudo sob o aspecto moral, reconhece-se a sua condição e o grau de confiança que devem merecer. O bom senso não se enganará.

26º) Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é necessário antes saber julgar-se a si mesmo. Há infelizmente muita gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiz a sua maneira de ver, as suas idéias, o sistema que inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos. Falta a essas criaturas, evidentemente, a primeira condição para uma reta apreciação: a retidão de juízo. Mas elas nem o percebem. Esse o defeito que mais enganos produz."

Fonte: Site NovaVoz
http://www.novavoz.org.br

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